quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Como os times brasileiros ajudaram a Chapecoense depois da tragédia

A queda do avião da Chapecoense, que causou a morte da delegação de jogadores, comissão técnica, diretoria e jornalistas que viajavam para cobrir a final da Copa Sul-Americana na Colômbia completa um ano nesta quarta-feira (29). Na época, imediatamente, muitos clubes brasileiros manifestaram apoio e solidariedade ao clube catarinense, mas na prática, não foi exatamente isso que se viu.
Em março, a Chapecoense divulgou um documento oficial mostrando quanto arrecadou com doações, e é possível ver que Sport e Palmeiras foram os clubes que contribuíram financeiramente.
O time pernambucano doou toda a renda arrecadada na última partida do Brasileirão da temporada passada - pouco mais de R$ 96 mil. O Verdão, por sua vez, promoveu um amistoso com a equipe de Chapecó durante a pré-temporada e deixou a renda de mais de R$ 600 mil com a equipe catarinense.
Ainda nos primeiros dias após a tragédia, muitos clubes prometeram ceder jogadores por empréstimo ao clube de Chapecó, mas na época, o técnico Vagner Mancini, contratado para comandar a reconstrução da equipe, criticou a conduta de algumas equipes.
“Sobre essa questão… Tem os dois lados, né? Alguns clubes realmente ofereceram atletas e se comprometeram a pagar os salários. Isso é ajuda. Mas outros querem resolver os seus próprios problemas, mandando atletas que já não ficariam nos respectivos clubes“, disse o treinador em entrevista à Rádio Jovem Pan.
“É muito fácil mandar jogadores que estão fora do planejamento para 2017… A Chapecoense não quer isto. Ela quer atletas interessados, que sejam competitivos. A ajuda só é bem-vinda quando se quer, de fato, ajudar. De quem quer se beneficiar com essa situação, nós vamos buscar no mercado atletas que entendemos que vão nos dar resultado“, acrescentou Mancini, rejeitando qualquer possibilidade de aceitar “refugos” de outras equipes.
Em entrevista ao UOL Esporte, João Carlos Maringá, diretor de futebol, também criticou a postura de alguns clubes e citou um exemplo do Santos. "O Santos disponibilizou uma lista de atletas, mas são aqueles que eles não querem mais. Essa lista está na internet, é só procurar. Outros clubes também nos ofereceram da mesma maneira, mas nós não abrimos mão de escolher nossos jogadores", disse Maringá, que elogiou apenas uma equipe "O Palmeiras foi o único que abriu uma lista de jogadores e nos falou: 'Escolham os que lhes agradam e nós veremos a disponibilidade.
O Palmeiras cedeu três jogadores, todos escolhidos pelo técnico Vagner Mancini: João Pedro, Nathan e Amaral.
Outros jogos foram promovidos com a intenção de arrecadar dinheiro para repassar como doação para a Chapecoense, como as partidas festivas do meia D’Alessandro, que rendeu mais de R$ 40 mil, a do ex-jogador Zico, que arrecadou mais de R$ 200 mil, e o amistoso entre Brasil x Colômbia, promovido pela CBF, que arrecadou mais de R$ 1 milhão. A Florida Cup desta temporada também repassou uma verba para a Chape.
Vale lembrar que o São Paulo arrecadou e doou R$ 148.575,00 com o leilão das 46 camisas usadas pela equipe na última rodada do Campeonato Brasileiro - toda a renda revertida para um fundo de apoio às famílias dos passageiros.

Valores arrecadados e divulgados oficialmente pela Chapecoense:

Jogo Chapecoense x Palmeiras: R$ 641.116,46
Jogo Sport x Figueirense: R$ 96.840,00
Jogo D'Alessandro (Porto Alegre): R$ 41.724,03
Multas STJD: R$ 36.500,00
Fundação Cásper Líbero: R$ 4.000,00
Florida Cup: R$ 93.300,00
Doações diversas até 26/01: R$ 48.083,49
Jogo Zico (Rio de Janeiro): R$ 205.000,00
Jogo Brasil x Colômbia: R$ 1.050.811,75
Doações empresas diversas: R$ 700.000,00
Multas STJD (complemento): R$ 50.000,00
Doações diversas de 27/01 a 16/02: R$ 9.984,64
Vale lembrar que esse montante arrecadado pela Chapecoense foi dividido entre 68 familiares e sobreviventes da tragédia – cada um receberia R$ 43.784,71 brutos, mas descontados os impostos, esse valor cai para R$ 40.281,93.

Pedido especial:

Além de ajuda financeira e de empréstimo de jogadores, após a tragédia, os clubes enviaram um documento oficial à CBF pedindo que a Chapecoense ficasse imune do rebaixamento no Brasileirão por três anos:
"Solicitação formal à Confederação Brasileira de Futebol para que a Chapecoense não fique sujeita ao rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro pelas próximas 3 (três) temporadas. Caso a Chapecoense termine o campeonato entre os quatro últimos, o 16o colocado seria rebaixado", diz a nota.
A Chape, no entanto, não aceitou o pedido dos clubes. "As manifestações ocorreram em um período emocional e as pessoas, os clubes tiveram esse gesto de solidariedade. Mas a gente entende que isso seria muito constrangedor para nós, para a CBF e para as Federações, pois abriria um precedente, o que nos deixa desconfortáveis. Entendemos que a gente tem que disputar a permanência dentro de campo", disse Plínio David de Nês Filho, presidente da Chapecoense, ao GloboEsporte.com.

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