segunda-feira, 12 de março de 2018

O Menino, as questões trabalhistas, os problemas sociais e o Mundo.

O Menino, as questões trabalhistas, os problemas sociais e o Mundo.




Não havia título melhor para nomear a animação de Alê Abreu indicado ao Oscar 2016 de melhor filme de animação e vencedor do prêmio Cristal de melhor longa-metragem no 38° prêmio Annecy, França, considerado maior prêmio da animação mundial.
Os personagens sem nomes, com traços genéricos, sem expressões ou características marcantes que os tornam individualidades reconhecíveis em seu universo, compõe um dos filmes mais representativos do mundo em que vivemos. E tudo isso feito com desenhos simples que compõem uma paisagem lúdica, viva e Terrena. Para se ter uma ideia não exatamente do que é a história mas de como ela é contada, assista ao trailer:

O Menino viaja de seu casebre natal, onde mora com os pais, para ir atrás do pai que não retornou do trabalho. Com o plot de um filme de aventura infantil de Sessão da Tarde misturado à trilha sonora fofa (E MARAVILHOSA) do filme e aos traços coloridos imaginamos um longa leve para as crianças. O mais incrível é que ele consegue ser leve mesmo trazendo um mix de temas-problemas do mundo.

A representação do meio urbano é condizente com todas as críticas possíveis ao espaço após a época moderna. Há a população periférica, que vive o caos do transporte público após sair do trabalho, e é necessário uma paralisação para que reconheçam a necessidade dele para o funcionamento da cidade.
“(…) a lição que se tira dessa manifestação nacional [a paralisação do dia 28/04] é que o transporte público move o Brasil. E (…) questiona-se porque, apesar de sua força, é tão esquecido e menosprezado no país. Po que o transporte público tem prioridade em menos de 20% do sistema viário das cidades, quando transporta mais de 80% da população? (…)” (Roberta soares. Link da matéria).
Relembra também as questões ambientais relacionadas à poluição que ocasionaram em catástrofes naturais e também problemas para a saúde humana, como no Japão, onde as autoridades pediram à população que andasse de máscaras por conta da poluição do ar, e a maquinação e automatização do serviço, causando desemprego estrutural (ou não, questão ainda polêmica entre os especialistas).
Já no meio rural, o desemprego também está presente, porém aqueles que não se mostram mais aptos para o trabalho (idosos e doentes) são despedidos sem garantia de estabilidades econômica. Recentemente muito é discutido sobre a reforma trabalhista, porém pouco imaginamos sobre os pesares que o trabalhador do campo passará. Há um projeto na Câmara que reduz ainda mais os direitos do trabalhador rural, alterando não apenas a jornada de trabalho mas sua forma de remuneração.
“Se o trabalhador urbano enfrenta uma perda de direitos sem precedentes com o avanço da reforma trabalhista no Congresso, o trabalhador rural está ameaçado inclusive na forma de remuneração, que pode passar a ser permitida na forma de comida e habitação, em substituição ao dinheiro.”
O filme é envolvido, porém, em um clima de esperança, graças à sua leveza, às cores e à arte. Em meio ao maquinário do mundo, há pessoas que artisticamente sobrevivem à difícil experiência de ser do mundo.


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